O XV Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Pla-nejamento Urbano e Regional se reveste de grande importância. Comemoram--se os seus 30 anos, motivo de congratulação para seus membros associados e filiados. Ademais, esta data acontece em um momento peculiar da história do Brasil caracterizado pela emergência do chamado “novo desenvolvimentismo”, em que se ressalta a ampliação do poder do Estado, a retomada do crescimento e a redução da pobreza. Tal fenômeno, também observado em outros países emergentes, tem provocado alterações significativas na ordem econômica mun-dial, tanto quanto novas demandas por mudanças na estrutura de poder global e preocupações acerca da qualidade do emergente ambiente urbano e regional. Países que estavam, na visão de alguns, condenados à eterna pobreza, apresen-tam hoje índices decrescentes de pobreza absoluta que foram dinamizados pelo crescimento e pela intensificação das competências tecnológicas dos agentes econômicos. De mero complemento da livre e eficiente ação do mercado, o Es-tado passa a ser compreendido novamente como um agente relevante para o desenvolvimento das nações, retomando a importância de seu papel como re-gulador e planejador. Na ação estatal pesam as oportunidades que esta propicia, pois esse “novo desenvolvimentismo” vem estabelecendo uma ordem urbana e regional que não cancelou de todo a preexistente, mas ao contrário, inten-sificou riscos e impactos sociais, econômicos, culturais, políticos e ambientais. Na nova ordem observam-se duas tendências: de um lado, a difusão do pa-drão de consumo da sociedade capitalista ocidental; e de outro, o acirra-mento dos conflitos entre interesses especulativo-patrimonialistas e os direitos de acesso à cidade em padrões sustentáveis capazes de assegu-rar os bens patrimoniais e serviços ambientais. Tal contexto exige o ques-tionamento das políticas habitacionais vigentes e seus consequentes pa-drões de produção imobiliária sem compromisso com extratos sociais de menor renda e com a qualidade do espaço público e do espaço construído. Urgem esforços no sentido de se reformular teorias, abordagens e práticas do planejamento, de se repensar a governança urbana, metropolitana e regional e propor alternativas de gestão em bases mais democráticas, valorizando as di-mensões ambiental, histórica e cultural.