ST6 - 401 A NOITE DOS TAMBORES SILENCIOSOS: TERRITORIALIDADE NEGRA E HIEROFANIA NO PÁTIO DO TERÇO – RECIFE (PE)

  • Cleison Leite Ferreira
Palavras-chave: Maracatu-Nação, Território, Hierofania

Resumo

Todos os anos, desde 1960, ocorre no Pátio do Terço, no centro do Recife (PE), a cerimônia Noite dos Tambores Silenciosos. Esse evento, importante para os Maracatus-Nação e para as religiões de matrizes africanas e indígenas (Xangô, Jurema Sagrada e Umbanda), acontece à meia-noite da segunda-feira de carnaval, quando, após as apresentações das nações dos maracatus, Pais e Mães de Santo fazem preces e entoam cantos em Iorubá, homenageando os Eguns (ancestrais). Nesse momento, o espaço do Pátio do Terço é ressignificado, deixando de ser o espaço do comércio movimentado e do culto católico, e passa a ser o espaço do culto religioso de referências africanas, se tornando espaço sagrado para o Xangô, a Jurema e a Umbanda, se definindo como hierofania. O Pátio do Terço também passa a ser espaço de visibilidade e de atuação política por parte do movimento negro, já que ali se encontram diversas autoridades políticas e um número expressivo de pessoas para assistirem ao ritual. Dessa forma, entende-se que suas práticas sociais fundam o território e definem territorialidades, que repercutem das suas sedes, localizadas em favelas ou comunidades, aos espaços públicos centrais. O objetivo deste trabalho é apresentar a constituição da hierofania no Pátio do Terço na Noite dos Tambores Silenciosos e outras práticas sociais que configuram territorialidades negras no espaço público, por meio dos Maracatus-Nação e suas associações com as religiões de matrizes africanas e indígenas.

Publicado
2018-10-09
Seção
Sessões Temáticas