ST6 - 892 ENTRE MINÉRIOS E RIOS: NOTAS SOBRE URBANIZAÇÃO, MIGRAÇÃO E CONSUMO NO SUDESTE DO PARÁ

Resumo

O trabalho procura compreender a dinâmica cultural na fronteira urbana amazônica contemporânea, palco de batalhas e conflitos promovidos pelo capital em expansão, mas também por disputas simbólicas que perpassam toda a vida cotidiana. Tal proposta se define a partir da relação entre migração e consumo, ou seja, a circulação de pessoas e bens na região estudada, abordagem que visa apreender a articulação entre a população imigrante e as práticas culturais locais. No recorte espacial adotado – sete municípios do Sudeste paraense – observa-se que os fluxos migratórios majoritários (maranhenses, mineiros e goianos) são responsáveis pela conformação de uma identidade própria, que se constrói em consonância com os lugares de origem e, muitas das vezes, em oposição às outras margens da fronteira. O aspecto ganha relevância quando se observa a porcentagem de moradores que não são nascidos na região pesquisada, cerca de 60% da população, valor que varia por município. Sujeitos com propósitos e expectativas diversas e, em geral, atraídos pelos grandes projetos, sobretudo de mineração, implantados na região nas últimas décadas, os imigrantes constituem importante componente na formação cultural. Assim, o trabalho se utiliza de dados censitários para dimensionar a migração e pesquisa de campo para observar como a dinâmica cultural se realiza nesse espaço. Observa-se que ela se distancia de um ideal tido como típico paraense para se formar e se apresentar com outros traços, muito mais relacionados com o lugar de origem desses imigrantes. Com isso, demonstra particularidades da cultura viva na região, a cultura do Sudeste Paraense.