ST2 - 587 O QUE ACONTECE PARA ALÉM DOS DISCURSOS DE REVITALIZAÇÃO URBANA: NOVOS ATORES DA RECUPERAÇÃO DE EDIFÍCIOS NO CENTRO DE SÃO PAULO

  • Beatriz Kara José
Palavras-chave: Centro de São Paulo, revitalização urbana, reabilitação de edifícios, movimentos de moradia, mercado popular

Resumo

O Centro de São Paulo chega aos anos 90 carregado de complexidades sociais. Nele, coexistem situações de extrema precariedade social e setores de grande vitalidade econômica, localizados entre as maiores concentrações de empregos da cidade. Durante o dia, há intenso fluxo de pessoas pelos espaços públicos, atraindo número considerável de vendedores ambulantes. Há, na região, um grande estoque de imóveis vazios, reflexo da saída de parte dos setores terciário e residencial. A existência destes imóveis contrasta com a ampla infraestrutura urbana da região, e, sobretudo, com o déficit habitacional da cidade e a localização periférica das moradias de baixa renda. A partir do final dos anos 90 a reabilitação do estoque vacante para atender ao déficit habitacional do município foi colocada em pauta pelos Movimentos de Moradia, defendendo tanto o direito de permanência da população de baixa renda já existente na região, como a produção de novas unidades na região central. Em momento político propício no governo municipal, tal demanda tornou-se programa habitacional e originou vários projetos que foram levados a cabo. Num momento seguinte, novos atores do mercado surgiram no cenário do Centro, levando adiante a reabilitação de edifícios, agora para outro público, mas ainda de renda abaixo da média. Estes acontecimentos contrastam com uma idéia dominante na esfera pública sobre a revitalização do Centro, que, mesmo depois de anos permeando ações e discursos de atores públicos e privados, não chegou a se consumar. Por outro lado, estão afinados com a realidade popular da região, consolidada nas últimas décadas.

Publicado
2018-10-03
Seção
Sessões Temáticas