ST10 - 111 LEITURAS DE HENRI LEFEBVRE PARA OS ESTUDOS INICIAIS SOBRE O CONFLITO AMBIENTAL NA SERRA DO GANDARELA: O ESPAÇO DA RESISTÊNCIA?
Resumo
O presente artigo apresenta um recorte na teoria de Lefebvre sobre o espaço, destacando o espaço abstrato e o espaço diferencial. O objetivo é realizar a leitura de Lefebvre voltada à compreensão e análise de um objeto empírico, o conflito ambiental na Serra do Gandarela – embate entre as propostas de uso do território para extração de minério de ferro versus o uso preservacionista na forma de um Parque Nacional - e apontar encaminhamentos para a continuidade da pesquisa. Verifica-se que para Lefebvre o espaço tem conteúdo, é povoado de usuários que podem resistir à imposição do espaço abstrato – do poder hegemônico - que dissimula uma homogeneidade consensual, atrás da qual oculta as suas contradições e conflitos. A diferença recusa o que está dado, é o que busca romper, transgredir e vencer o homogêneo, e com este movimento possibilitar a transformação da prática social. Observa-se que a transição para outros modos de produção do espaço também está apoiada na utopia, necessária ao pensamento que explora uma possibilidade. A partir das leituras de Lefebvre verifica-se a possibilidade de desenvolver uma relação entre o espaço abstrato e o espaço instrumental na Serra do Gandarela, com ênfase nos instrumentos vigentes sobre o território; e entre o espaço diferencial e o que denominamos de “espaço da resistência”, no entendimento de que na perspectiva ambiental o contraponto ao espaço abstrato se mostra hoje nos movimentos de resistência ao redor do mundo.