ST1 - 918 FLUXO E PERMANÊNCIA: A REORIENTAÇÃO DE DISCURSO EM TORNO AOS PROJETOS URBANÍSTICOS E A QUESTÃO DO LEGADO OLÍMPICO

  • Henrique Amorim Soares
Palavras-chave: competição interurbana, legado, grandes projetos urbanos

Resumo

Os Jogos Olímpicos tem sido tratados como uma oportunidade para a promoção de desenvolvimento local, o que tem levado governos de grandes cidades a se engajarem em disputa para sediá-los. No Rio de Janeiro, a intenção de receber os Jogos Olímpicos data de 1996. Pode ser dito que o interesse pela atração dos Jogos Olímpicos se manifestava, inicialmente, pela vontade de atrair capitais externos. Hoje em dia, porém, a justificativa para a acolhida de acontecimentos do gênero não pode se basear apenas na referência à possibilidade de dinamização econômica. Ela veio a concentrar-se na ideia de legado. A noção de legado indicaria que os esforços e vultosos recursos empregados garantem efeitos benéficos perenes em diferentes áreas. Trata-se de um gasto público objetivado, portanto, mensurável, ou seja, que pode se distinguir do argumento mais abstrato por seu grau de elaboração e acuidade. O recurso ao legado é estratégia discursiva que parece indicar uma forma de enfrentamento da crescente resistência às reorganizações sócio-espaciais resultantes dos preparativos para os Jogos. De fato, considerando-se os projetos olímpicos para o Rio de Janeiro, pode-se verificar que a atenção ao legado vem crescendo, enquanto se modifica o foco dos projetos. O trabalho proposto realiza uma análise dos sentidos assumidos pelo termo nos projetos para os jogos olímpicos de 2016. Busca refletir sobre a relação entre legado, enquanto estratégia discursiva, e projeto, enquanto expectativa de realização. Espera-se evidenciar que a crescente ênfase no legado mascara, na prática, uma reduzida atenção ao legado, considerado na sua dimensão urbanística.

Publicado
2018-09-27
Seção
Sessões Temáticas