ST6 - 605 CULTURA URBANÍSTICA E NEOLIBERALISMO. IMAGENS DA CIDADE POR UMA COMUNIDADE DISCURSIVA

  • José Almir Farias Filho
Palavras-chave: Urbanismo Estratégico, Neoliberalismo, Cultura Urbanística, Comunidade Discursiva, Rio de Janeiro, RJ

Resumo

A última década do século XX constitui um importante ponto de inflexão na circulação de ideias sobre urbanismo e planejamento urbano no Brasil. Na cidade do Rio de Janeiro, uma crise urbana endêmica dará margem a uma conjunção de autoridades locais, principais agentes econômicos, arquitetos e acadêmicos em torno de uma nova prática urbanística, hoje conhecida como “urbanismo estratégico” ou “planejamento por projetos”. Ao revisitar o período, este artigo considera que toda prática urbanística é ressonância da cultura de uma cidade, e que resulta da relação entre os modos de institucionalização de um savoir-faire e os modos de eclosão de alianças, cooperação e de resistências. Sendo assim, examina-se aqui a hipótese de que essa prática urbanística deu lugar a uma comunidade discursiva que terá como arena de comunicação os novos instrumentais do neoliberalismo e os postulados do pensamento pós-moderno, sobretudo aqueles referentes à intervenção física e à estratégia político-econômica de gestão urbana. Em seus discursos, os membros desta comunidade discursiva operam fragmentos imagéticos da cidade, resultando em uma superposição de imagens do desejo e sua inevitável colisão com imagens dialéticas. O principal resultado dessa experiência foi a configuração de um modelo de governança urbana baseado na qualificação do capital geocultural da cidade, e que reduziu drasticamente a reflexão sobre políticas emancipadoras, como aquela que se convencionou chamar de reforma urbana.

Publicado
2018-10-10
Seção
Sessões Temáticas