ST2 - 96 EMPRESARIAMENTO DA CIDADE E GERAÇÃO DE CONFLITOS: AS VÁRIAS FACES DA COPA 2014 EM BELO HORIZONTE
Resumo
Na era pós-industrial o capital reclama a reconfiguração de mais e mais espaços construídos para sua expansão (Harvey, 1982), seja apenas através da criação de mais-valia imobiliária, seja combinada às mudanças estruturais e imagéticas relacionadas à economia do turismo. Por isto muitas cidades no mundo têm empreendido mudanças no espaço urbano e social com o objetivo de se venderem no mercado global de grandes eventos, negócios e lazer. No Brasil, os megaeventos esportivos conformam hoje a mais adotada e poderosa estratégia deste empresariamento das cidades. Ao re-criar a estrutura e a imagem urbanas alegadamente para os eventos, o Estado e seus parceiros vão deslocando milhares de famílias nas doze cidades-sede da Copa 2014, invertendo as prioridades da habitação social, do direito ao trabalho, da mobilidade urbana e violando direitos de toda sorte. Mas o cidadão reage através de manifestações conflituosas que têm a cidade como objeto e arena; movimentos sociais – especialmente aqueles ligados à habitação, vêm a público expor as mazelas governamentais e clamar por seus direitos. Este artigo pretende explorar os conflitos urbanos e suas relações com os megaeventos esportivos, segundo os dados e estudos do Observatório de Conflitos Urbanos de Belo Horizonte e do GESTA - Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais, ambos vinculados à Universidade Federal de Minas Gerais.