GT7 - 816 POBREZA URBANA E DEGRADAÇÃO AMBIENTAL: REFLEXÕES SOBRE O URBANISMO DE RISCO EM CURITIBA

  • Gislene de Fátima Pereira
  • Madianita Nunes da Silva
Palavras-chave: POBREZA URBANA, CURITIBA, DEGRADAÇÃO AMBIENTAL, ocupações irregulares, transformações socioespaciais, êxodo rural

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre o conceito de urbanismo de risco, marcado pela presença da pobreza urbana e da degradação ambiental nas cidades contemporâneas. Terá como referência de análise a estruturação da cidade de Curitiba à luz do processo de crescimento das ocupações irregulares. Curitiba é hoje o pólo de uma das principais aglomerações metropolitanas brasileiras, indicando, portanto, que as questões e desafios nela presentes não divergem muito dos encontrados em outras grandes cidades do país.
A metrópole de Curitiba, que na década de 1970 iniciou sua consolidação pelo crescimento da industrialização, a aceleração da urbanização e o êxodo rural1, a partir de 1990 foi marcada por transformações socioespaciais importantes, expressas, inicialmente, na dimensão econômica, pela chegada das montadoras automotivas e outras empresas transnacionais, mas que também foram percebidas nas políticas públicas, nas condições sociais, na localização das atividades urbanas e na constituição de novas morfologias espaciais, dentre elas o expressivo crescimento das ocupações irregulares (FIRKOWSKI, 2008).
De acordo com Firkowski e Moura (2001, p. 37) nas duas últimas décadas, a metrópole passou a apresentar características próprias ao processo de metropolização contemporânea, mas em especial, aquela verificada em aglomerações urbanas de países não centrais para o capitalismo mundial, marcada pela concentração do que há, socialmente, de mais moderno e de mais atrasado. Ou seja, se, por um lado, as metrópoles contemporâneas concentram atividades econômicas e riquezas (ASCHER, 1995), nelas também coexistem espaços de extrema pobreza, marcados pela ilegalidade e a informalidade, que expõem a população residente a inúmeras situações de precariedade e a todo tipo de risco.
Ao discutir a relação entre urbanização contemporânea e o crescimento das favelas, Davis (2006) afirma que a intensificação da primeira, em especial nos países de Terceiro Mundo, é impulsionada mais pela pobreza do que pela oferta de empregos, evidenciando assim as contradições do processo em curso. Para o autor, a espacialização da urbanização contemporânea manifesta-se de modo considerável nas grandes aglomerações de edificações inacabadas, feitas de tijolo aparente, de palha ou de todo tipo de resíduos, construídas fora das normas e praticamente sem nenhuma tecnologia. Destaca que essas “favelas pós-modernas” são as áreas urbanas mais expostas aos riscos ambientais e recorrentemente são cenários de grandes catástrofes. (DAVIS, 2006, p. 13-29).

Publicado
2019-01-22
Seção
Sessões Temáticas