GT6 - 892 A “FEIRA LIVRE DO PENEDO” E SEUS APELOS DO COTIDIANO COMO EXPRESSÃO DE IDENTIDADE E FOCO DE PROTEÇÃO CULTURAL

Resumo

Paira uma dicotomia entre as relações de pertencimento que são apreendidas pela sociedade entre o patrimônio material e imaterial culminando em problemáticas para a manutenção do Bem Cultural. O entendimento da legislação é de que o patrimônio material é concebido como a representação histórica, artística ou arquitetônica edificada, tais como, os casarios, monumentos e conjuntos urbanos que marcaram uma determinada época. Já o imaterial vai além do edificado, tendo como exemplo, as festas populares, folguedos, ofícios peculiares que por sua singularidade determinam um traço cultural de um povo ou região específicos, mas que por sua vez podem ser materializados nos lugares em que são realizadas suas manifestações - como, por exemplo, um terreiro de umbanda - implicando numa relação direta com o ambiente construído ou com sua paisagem natural. Essa relação é intrínseca e permeia o senso de apropriação e identificação cultural da sociedade, sendo a ausência desse pertencimento o fator contributivo para a degradação do patrimônio e aspecto recorrente nas áreas em que se apresentam os maiores sinais de perda do nosso acervo.  

Em Alagoas como em boa parte do país, muitas perdas ocorrem, contudo, muito tem sido feito em resgate do remanescente – tanto material quanto imaterial. A apropriação da sociedade por alguns bens garante a sua permanência, como é o caso do patrimônio religioso católico e suas respectivas festividades. Dentre estas, dá-se o vulto da Festa de Bom Jesus dos Navegantes – também no Penedo -, que move e comove uma grande parcela de seguidores e admiradores. Entretanto, a permissibilidade do trato com as manifestações oriundas das camadas mais populares sofre ataques à sua continuidade, mesmo atribuídas de dimensão simbólica e referenciais históricos.