GT6 - 93 CIDADE DA INFÂNCIA: LUGAR E COTIDIANO NA CONTEMPORANEIDADE

  • Bianca Breyer Cardoso
  • Raquel Ferreira Daroda
Palavras-chave: Borja, CONTEMPORANEIDADE, crianças, infância

Resumo

Caracterizada pela aventura, pelo enfrentamento dos riscos e pela descoberta dos outros, a cidade da infância é, para Borja, resultante dos “percursos cotidianos”, a partir dos quais a criança se depara com a diversidade de atividades e pessoas reunidas na cidade (BORJA, 1990, p. 51). É a partir desta “aventura iniciática”, segundo o autor, que a criança mergulha no processo coletivo e explora a dimensão dialética do “público-privado”, através da qual oscila entre a intimidade da vida privada e as possibilidades de sociabilidade da vida pública. Evocar a cidade da infância é, portanto, falar de um conjunto de experiências que colocam em contato criança e cidade.
Ao acionar tais experiências, somos conduzidos, via de regra, à lembrança de um momento singular de nossas vidas. Ademais, a evocação do passado nos leva, muitas vezes, a questionar o presente. Hoje, ao olharmos para a cidade aí como está, veloz, insone, por vezes fragmentada e, no mais das vezes, diferente daquela das nossas infâncias, nos perguntamos: onde ficará a cidade da infância na contemporaneidade?
Ao nível do senso comum, é frequente que se responda a esta pergunta sob a ótica da nostalgia, através de discursos que acionam o passado para desqualificar o presente, ou a partir da perspectiva do medo, que justifica a não fruição do espaço pela criança pelas imposições da violência e da insegurança. Por estas vias, as crianças do século XXI estariam fadadas a viver suas infâncias em espaços protegidos, poupadas da vida desordenada da cidade real. A cidade da infância, então, deixaria de existir?
Entendemos que, como planejadores urbanos, não é possível aceitar que não haja espaço para as experiências singulares da infância na cidade contemporânea. Dessa forma, buscamos superar as impressões negativas do senso comum, a fim de vislumbrar as cidades da infância no contexto atual da sociedade contemporânea, buscando problematizar a relação contemporânea da criança com a cidade, a partir de uma perspectiva de transformação, e não de término, das práticas cotidianas da infância no espaço urbano.
Sob o paradigma da modernidade, procuramos compreender como tal transformação está relacionada a um processo mais amplo, que abrange a sociedade como um todo. Consideramos a modernidade, nos termos de Berman (2007, p.24), como “um tipo de experiência vital”, ou, como “uma certa maneira de experienciar o espaço e o tempo” (HARVEY, 2009, p. 187), a qual as transformações nos processos produtivos e econômicos e também nas relações entre Estado e sociedade impõem “novas características e conteúdos”, ao alterarem o “mundo do vivido” (MARZULO, 2005, p. 18).

Biografia do Autor

Bianca Breyer Cardoso

Arquiteta e Urbanista. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PROPUR/UFRGS). Integrante do Grupo de Pesquisa Identidade e Território (GPIT/UFRGS).

Raquel Ferreira Daroda

Arquiteta e Urbanista. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PROPUR/UFRGS).

Publicado
2019-01-15
Seção
Sessões Temáticas