GT5 - 484 A CIDADE PLANEJADA E A CIDADE CONSTRUÍDA: ENTRE PARADIGMAS MODERNOS E HÍBRIDOS CONTEMPORÂNEOS

  • Sandra Catharinne Pantaleão
  • Ricardo Trevisan

Resumo

Goiânia, capital do estado de Goiás, fora planejada para 50 mil habitantes por Attílio Corrêa Lima, dando continuidade à fundação de cidades novas no interior do país, na década de 1930 (processo iniciado com as ferrovias paulista e paranaense). Seu desenho urbano foi embasado em teorias urbanísticas modernas, visando a empreender num terreno virgem as proposições ideais de uma vida urbana, em oposição ao urbanismo colonial das cidades goianas setecentistas, dada a busca frenética de riquezas minerais (cita-se e.g. Goiás, antiga capital, e Pirenópolis). A Goiânia cidade nova, uma cidade criada ex nihilo, apresentou em seu plano uma sobreposição de teorias urbanísticas (paradigmas), articuladas simultaneamente aos conceitos de zoning, cidade-jardim, unidade de vizinhança, monumentalidade e outros; conforme requeridas pelo partido projetual.
Hoje, Goiânia se afirma como metrópole regional. Passados 77 anos da publicação do decreto de sua constituição física (1), consolida-se como cidade principal da Região Metropolitana de Goiânia – RMG (1999), abarcada pela sua crescente densidade demográfica, contabilizados pelo censo 2010 do IBGE, em 1.301.892 habitantes. É na cidade de Goiânia que se concentram praticamente 50% da população da RMG, cujos traços característicos projetados e almejados pelo seu projetista foram corrompidos, superados e, algumas vezes, diluídos. Seu DNA foi modificado, dilacerando seus genes em híbridos de outra realidade, de uma vida urbana exógena e não negada pela sede de modernidade que o bojo de novos equipamentos prenunciava em seu tecido urbano.
Os limites urbanos, nítidos em seu exórdio, se perderam no horizonte. Os bairros periféricos, estritamente residenciais e com baixa densidade, estão representados pela figura dos condomínios residenciais murados ou por loteamentos carentes de infraestrutura. A monumentalidade justificável do Centro Cívico foi substituída pela apologia aos shopping centers e sua nova urbanidade. A setorização funcional cedeu espaço à sobreposição de usos e ao surgimento de novas centralidades. A recuperação de sua área central mediante a cartilha dos “res” (revitalização, requalificação, renovação etc.) é ação vigente. Até a presença de uma arquitetura de griffe a cidade possui: o Centro Cultural Oscar Niemeyer.

Publicado
2018-11-28
Seção
Sessões Temáticas