GT3 - 624 CONCEITOS DE PROJETO URBANO – DA CIDADE IDEAL À CIDADE REAL

  • Jorge Bassani

Resumo

Cidades, como qualquer outro artefato, são construídas a partir de idéias desde seus primórdios. Os desenvolvimentos históricos impingiram complexidade cada vez maior a essas construções, quanto maiores e mais numerosos os problemas que a cidade deve responder, mais intrincada se torna a rede de idéias que lhe dá suporte.
Com o advento da polis essas idéias participam do conjunto de especulações filosóficas empenhadas em entender o mundo; a urbes romana a coloca na situação de centro ideal das expressões do poder e concebe seu caráter gepolítico; mais adiante as idéias que consubstanciam a construção urbana ainda se vincularam às mesmas que se empenham em embasar a criação artística antes de tornar-se fundamentalmente auto-referente - e para especialistas - com a entrada em cena da cidade industrial.
A cidade do final do século XX vai conviver com a traumática superação dos modelos da lógica industrial embalada por uma infinidade de idéias das mais variadas origens. Todos os saberes e especulações da civilização parecem estar, neste momento, empenhados em propor bases teóricas para o entendimento e desenvolvimento da vida nas metrópoles contemporâneas.
Contudo, as cidades também são idealizadas, mesmo considerando que a maior parte das construções urbanas pelo mundo parece não responder a nenhum modelo idealizado. Talvez a história do urbanismo seja a síntese quantitativa entre o quanto se idealiza da cidade e quanto de cidade é construída pelas idéias.
G. C. Argan em “Cidade ideal e cidade real” considera que “a idéia de cidade ideal está profundamente arraigada em todos os períodos históricos, sendo inerente ao caráter sacro anexo à instituição” (ARGAN, 1993, p.73). Mas, como sabemos, o tema da cidade ideal é colocado pela historiografia como especialmente relevante em algumas épocas, nos meios acadêmicos é colocado a partir das configurações culturais do Renascimento.
O próprio Argan em “A cidade do Renascimento” nos esclarece: “Os tratados de arquitetura dos séculos XV e XVI estão repletos de cidades ideais... projetadas ex novo segundo critérios puramente racionais e geométricos” (ARGAN, 1999, p.58).

Publicado
2018-11-25
Seção
Sessões Temáticas