GT2 - 448 A FORMAÇÃO DE FAVELAS NA PERIFERIA DO RIO DE JANEIRO A PARTIR DOS ANOS 80

  • teresa cristina de almeida faria

Resumo

Entre as décadas de 40 e 70, a questão da pobreza urbana e das favelas estava relacionada à migração. O pobre urbano era o migrante recém-chegado, que tinha a favela como primeiro lugar de moradia. A favela era o mecanismo de integração na cidade, pois continha toda uma rede de relações sociais que garantiam a sobrevivência dos migrantes pobres recém-chegados, além de se localizar próximo ao mercado de trabalho que os inseria na economia urbana. Essa idéia alimentou todo o debate, nos anos 70, em torno da questão da moradia dos pobres.
A partir dos anos 80, configura-se uma nova questão social, com mudanças na esfera do trabalho e da sociabilidade, modificando as formas de inserção dos pobres na cidade. A crise econômica que se instaurou, revelou ao mesmo tempo, um aumento da pobreza urbana e o arrefecimento dos fluxos migratórios, colocando em questão a relação tradicional entre pobreza urbana, migração e favelização. Nessa época, observa-se, na cidade do Rio de Janeiro, o aumento expressivo do número de favelas, que teve como hipóteses explicativas, a retração do padrão periférico de crescimento, caracterizado pela produção de lotes populares, em decorrência da crise econômica dos anos 80 (inflação, achatamento salarial, instabilidade do emprego, encarecimento da terra); o aumento do número de pobres com renda mensal familiar de até dois salários mínimos na metrópole do Rio de Janeiro e o reconhecimento, pelo poder público, das favelas como solução para os problemas habitacionais, através políticas de urbanização e legalização fundiária, reduzindo as incertezas de remoção e criando expectativas de melhoria das condições de vida.

Publicado
2018-11-25
Seção
Sessões Temáticas