ST 7 MINHA CASA, MINHA VIDA: NOTAS SOBRE A RESPONSABILIDADE COLETIVA DE UM DESASTRE URBANO
João Sette Whitaker Ferreira
FAUUSP LABHAB
Resumo
O recente aquecimento da produção imobiliária destinada às classes médias no Brasil decorre de
algumas transformações econômicas recentes. Pode-se dizer, grosso modo, que tais mudanças começaram
em 2006, com a modernização da legislação para o setor de investimentos imobiliários, destravando alguns
gargalos históricos, e com decisões governamentais específicas que colocaram no mercado, somente naquele
ano, cerca de R$ 8 bilhões para crédito imobiliário oriundos da poupança1. Além disso, a Lei de Alienação
Fiduciária, e a Lei de Incorporação Imobiliária (ou Lei de Patrimônio de Afetação), deram segurança ao
mercado, que evidentemente se reaqueceu, atraindo inclusive investidores externos. Por fim, a queda na taxa
de juros elevou sensivelmente a oferta de crédito imobiliário, embora esta ainda seja no Brasil extremamente
tímida em relação aos patamares dos países desenvolvidos, dada a característica restritiva do nosso mercado,
extremamente concentrador da renda.