ST 1 MORAR E TRABALHAR NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE: A RELAÇÃO ENTRE MOVIMENTOS PENDULARES E MIGRATÓRIOS RECENTES
Ralfo Matos
Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (IGC-UFMG)
Rodrigo Nunes Ferreira
Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (IGC-UFMG)
Resumo
Os movimentos pendulares costumam ser mensurados nos estudos de
planejamento urbano como indicador de integração e coesão intra-urbana em uma metrópole.
Se vários municípios não muito grandes geograficamente encontram-se conurbados é de se
esperar que os fluxos diários entre a residência e o trabalho sejam numerosos, diversificados,
capazes mesmo de indicar a força aglomerativa da metrópole. Ou seja, seus subespaços são
dinâmicos e abrem perspectivas de circulação de pessoas e mercadorias em múltiplas direções
e combinações de origem e destino. Essa noção se aplica até que ponto nas metrópoles
brasileiras de periferias alongadas? É possível identificar tendências associadas ao maior ou
menor grau de maturidade do fenômeno metropolitano? Mais ainda, os movimentos
pendulares guardam associação direta com os fluxos migratórios intrametropolitanos?
Tais indagações podem se desdobrar em muitas outras, porquanto há evidências
neste início do século XXI a sugerir que várias grandes metrópoles exibem lógicas de
organização interna baseada em dois processos contraditórios e complementares de produção
do espaço urbano: a fragmentação e simultaneamente a integração do tecido metropolitano.
Ambos os processos intensificaram-se em grandes cidades latino-americanas a partir da
década de 1970, no contexto de reestruturações urbanas articuladas por alguns avanços nos
transportes e comunicação, o que possibilitou a integração de fragmentos dispersos da
metrópole. Com isso surgiram nichos de segregação socioespacial manifestos nas desigualdades de acesso à renda, à moradia e aos serviços públicos (Lacerda, 2012; Borsdorf,
2003; Janoschka, 2002).