ST 2 OS LIMITES DA CONVERGÊNCIA: ESPECIFICIDADES LOCAIS E DESAFIOS COMUNS NO PLANEJAMENTO URBANO DE SÃO PAULO E CHICAGO
Marina Toneli Siqueira
Universidade Federal de Santa Catarina
Resumo
Explicar o que é uma cultura de planejamento urbano pode ser algo difícil e pouco
produtivo. Entretanto, para além da crítica a visões que integram aspectos diversos e distintos
de uma sociedade à noção amorfa de “cultura”, é necessário compreender que práticas de
planejamento urbano são dinâmicas e, portanto, contextualizadas histórica e geograficamente.
Uma cultura de planejamento é formada através ideias e práticas acerca do espaço urbano;
seu uso e gestão que são concebidas, institucionalizadas e/ou implementadas em uma escala
geográfica determinada (e.g., cidade, região ou país) e em um período específico. Ela é o
resultado de ações formais e informais e de uma diversidade de atores que negociam
tradições e demandas locais com pressões externas. Portanto, existe um processo contínuo de
negociações com mudanças culturais, sociais, políticas, econômicas e tecnológicas que
impede qualquer tipo de essencialismo ou paraquioralismo nesta definição de culturas de
planejamento urbano. Finalmente, esta conceituação também nos leva à conclusão de que
culturas de planejamento urbano somente podem existir no plural mesmo que o atual período
de globalização neoliberal possa promover convergências.
É preciso reconhecer que avanços tecnológicos e mudanças sócio-econômicas
impostas pela globalização neoliberal geraram convergências entre culturas de planejamento
urbano de localidades distintas, mas que enfrentam desafios parecidos. É neste sentido que
Friedman (2005a) preocupa-se com os dois principais obstáculos ao planejamento urbano
contemporâneo: uma obsessão com fatores econômicos acima de outros aspectos e uma visão
desterritorializada da globalização que impede o entedimento de seus efeitos espaciais mais
diretos.