ST 8 NEM ÁGUAS DO RIO PRETO, NEM ÁGUAS DO RIO PARDO. A polêmica em torno dos mananciais da cidade Ribeirão Preto durante a Primeira República.
Daniel Deminice
IAU/USP
Resumo
A água é um elemento essencial na relação do homem com a natureza, sua
localização e utilização, desde as civilizações mais antigas, esteve relacionada ao processo de
assentamento humano com a formação das primeiras cidades. Ao longo do tempo, se
construíram diversas formas de apropriação desse recurso natural por diferentes saberes
relacionados ao planejamento urbano. Como aponta André Guillerme (1990), a rede
hidrográfica ao longo da história não foi dada como algo natural, mas sempre pensada como
um artifício através de seus usos. 1
Na medida do crescimento industrial e demográfico das cidades, o desenvolvimento
das formas de controle da natureza das águas se tornou um problema central para a vida
urbana moderna e, a partir do século XIX, essa relação entre o homem e a água será, cada vez
mais, mediada por saberes e equipamentos tecnológicos associados à química e a engenharia
sanitária. Assim, procedimentos de aferição da qualidade da água, obras de canalização,
represamento e drenagem das várzeas de rios instauraram um movimento contínuo de
racionalização das águas no espaço urbano, que passaram a ser vistas nesse momento como
um problema - focos de difterias ou causadoras de enchentes.