ST 6 A necessidade de passaportes para a (re)ocupação do espaço público: uma reflexão sobre identidade, segurança e gentrificação
PRISCILA GONÇALVES SANTOS
PPGAU / UFF
Resumo
A supremacia do consumo na sociedade contemporânea, a atual crise de representatividade política no Brasil, assim como a superação da população urbana frente à rural trazem a tona a discussão sobre o direito à cidade e estimulam um fetiche em torno do espaço público. É possível perceber que recentemente surgiram muitos movimentos de (re)ocupação do espaço público articulados sobre a forma de coletivos urbanos, isto é, grupos de pessoas que se mobilizam para realizar modestas intervenções nesse espaço à partir da cooperação e ajuda mútua. No entanto, o fato de serem muitas vezes organizados por um sujeito cujas habilidades sociais foram atrofiadas por um contexto histórico perverso, faz com que muitos desses coletivos reproduzam uma lógica que ratifica o preconceito, o medo, a segregação socioespacial e a cidade enquanto mercadoria. Estas ocupações pressupõem, em sua maioria, a apropriação de um conjunto de elementos identitários capaz de oferecer segurança a um determinado grupo social, estimulando a gentrificação do local. Este trabalho se propõe a analisar essas recentes ocupações como um retorno da classe média e alta ao espaço público e resgatar tanto o processo que culminou com a necessidade de passaporte para ocupação desses espaços quanto os desdobramentos das ações destes coletivos. Busca-se também ressaltar a pluralidade e complexidade de intenções e ações desses coletivos urbanos, como também a cidade e o espaço público como um espaço em disputa.