ST 1 INTERFACE ENTRE ESPAÇO PÚBLICO E ESPAÇO PRIVADO

Resumo

Vários aspectos da produção privada no espaço urbano são criticados por aqueles que pensam sobre a cidade. Um dos principais, por distanciar-se fortemente do ideal de vida em sociedade, é a forma como os edifícios se relacionam com a rua. Ou melhor, como não se relacionam. A crítica repousa sobre a falta de interação entre o espaço público e as atividades que acontecem no domínio privado e vice-versa. É a crítica às grandes extensões de muros, às fachadas cegas, aos sobressolos de garagem, aos condomínios fechados de casas ou edifícios, aos shopping centers voltados para seu interior. A “Cidade de muros” (Caldeira, 2000) é ao mesmo tempo causa e consequência da segregação espacial, do isolamento em guetos daqueles que se consideram iguais e discriminação dos seus diferentes; da intolerância à diversidade; do não convívio em sociedade; da não aceitação das diferentes formas de pensar e de viver das pessoas; do sentimento de insegurança nas ruas. Cria-se um ciclo vicioso: a repulsa ao coletivo leva ao isolamento, que leva ao desconhecimento do outro, que leva ao medo, que leva ao isolamento e assim sucessivamente. O medo de estar na rua acaba tornando-a vazia e mais propícia aos delitos e violência. O espaço público passa a ser visto com receio e desconfiança. Perde seu caráter aglutinador e de sociabilidade, é encarado como uma distância a ser percorrida por obrigação e no mais curto período de tempo possível.