ST 5 A Dimensão Espacial da Pobreza – a Grande Incógnita?

  • Stephan Treuke UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Resumo

Explora-se o impacto de neighborhood effects na mobilidade econômica de habitantes de três favelas segregados em Salvador; em outras palavras, as desvantagens socioeconômicas afetando o bem-estar do indivíduo em função da sua inserção em específicos contextos sócio-residenciais. Pesquisas examinando o modus operandi da reprodução da pobreza urbana têm atendido pela estratificação das desigualdades sociais no espaço e aderido ao argumento que a concentração da pobreza interfere negativamente no desempenho socioeconômico do indivíduo e na organização social do bairro. Contudo, considerando a crescentemente fragmentada organização socioespacial das metrópoles brasileiras, vários autores têm assinalado pelas estruturas de oportunidades proporcionadas em contextos de vizinhança geográfica entre grupos socialmente distantes. A partir da realização de sessenta entrevistas indagando sobre a morfologia das redes egocentradas, corrobora-se que a proximidade do Nordeste de Amaralina aos condomínios da classe média-alta favorece a integração econômica. Contudo, a estigmatização territorial e os mecanismos de segmentação social enfraquecem os potenciais de troca de sociabilidade. As estruturas de segregação e a escassez de oportunidades empregatícias em Plataforma produzem o encapsulamento das redes enquanto a heterogeneidade social de Fazenda Grande II e o efeito socializador das instituições públicas mitigam o impacto da segregação. As redes comportam um maior grau de diversidade e de dispersão territorial. A pesquisa destaca a pertinência do conceito social isolation na análise de contextos de segregação aonde existe uma maior congruência entre o espaço social e o espaço geográfico e urge a refletir sobre a implementação de estratégias de intervenção in situ para promover a integração socioeconômica.
Publicado
2019-05-01
Seção
Sessões Temáticas