ST 2 Brasil-África: a partilha de experiências em habitação como parte da política externa brasileira
Roberta Yoshie Sakai
King's College London
Resumo
Este artigo discute a circulação do conhecimento brasileiro em habitação no continente africano como resultado da política externa de incentivo à cooperação técnica com os países em desenvolvimento iniciada no governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva (2003–2006, 2007–2010). A abordagem brasileira baseia-se em discursos que apresentam o país como um tipo diferente de provedor de cooperação. O Brasil se recusa a aceitar o rótulo de "doador" e prefere o uso da palavra "parceiro" em vez de "recipiente", defendendo o princípio de "cooperação horizontal". Adota o discurso de uma nação que busca contribuir para o desenvolvimento através do compartilhamento de sua própria experiência, sem a concessão de empréstimos. Durante o governo Lula, a ausência de condicionalidades ajudou a reforçar a imagem de um soft power que desafia a arquitetura de ajuda tradicional. A atuação do governo federal como parceiro dos países africanos na elaboração de políticas urbanas põe em questão a emergência de novos circuitos internacionais para o debate da urbanização no Sul Global. Com este porpósito, os circuitos da Cooperação Sul-Sul (CSS) brasileira são analisados tendo em vista os discursos que regem os acordos bi e trilaterais, além de examinar como eles apontam para novas perspectivas de análise da circulação internacional de ideias e práticas em desenvolvimento urbano.