ST 6 Limites e Possibilidades da Conservação de Parques Históricos: uma reflexão com foco na valoração dos bens culturais pelos residentes.
Paulo José de Albuquerque Marques da Cunha
UFPE
Resumo
Desde a década de 70, no Brasil, várias iniciativas de implantação de Parques Históricos foram realizadas em áreas de grandes dimensões e bastante habitadas. Da criação, pautada em diagnósticos, inventários, planos de manejo e demais instrumentos legais, passando pela gestão, diversos fatores fizeram com que os objetivos não fossem atingidos em sua totalidade, tendo-se resultados pouco expressivos. Dentre os fatores, a indiferença da própria população local em relação ao bem cultural parece constituir-se um dos principais obstáculos para o êxito das ações. Potenciais guardiões do patrimônio, os próprios moradores terminam constituindo-se em vilões da conservação: destroem os monumentos, poluem o meio ambiente e deterioram a paisagem. Evidencia-se que falta, aos moradores locais, apego ao patrimônio; a ele, não é atribuído qualquer valor. É sobre este aspecto que o presente artigo propõe uma reflexão. Utilizando-se dos casos do Parque Histórico Nacional dos Guararapes-PHNG e do Parque Metropolitano Armando de Holanda Cavalcanti-PMAHC, ambos em Pernambuco, concentra-se em compreender os motivos que levam os residentes às escolhas de um bem, em detrimento do outro, como patrimônio que os identifica e que deve ser herdado às futuras gerações. Além disto, a partir desta compreensão reflete sobre os limites e possibilidades da conservação de parques históricos, quando o foco da questão é justamente a apropriação dos bens, por parte dos residentes, como patrimônio a ser preservado e protegido.