ST 5 A formação do consenso sobre a autogestão habitacional
João Paulo Oliveira Huguenin
Universidade Federal de Goiás - Regional Goiás
Resumo
Desde a década de 1980, movimentos sociais urbanos buscavam formas de enfrentar a questão habitacional por meio de sua participação em processos autogestionários. Embora tenha ocorrido experiências exitosas em alguns municípios brasileiros, somente em 2004, no governo Lula (PT), os movimentos lograram a estruturação de um programa em âmbito nacional voltado para a produção habitacional autogerida. Em meio a avanços e retrocessos na construção de políticas voltadas para a autogestão habitacional, a principal vitória dos movimentos de luta pela moradia foi construir um campo de disputa, nesse momento representado pela existência da modalidade “Entidades” dentro do Programa Minha Casa, Minha Vida. Embora os recursos investidos no PMCMV-Entidades não represente 2% dos investimentos dos governos petistas para a casa própria, a existência do programa é apontada como uma forma do governo beneficiar movimentos que historicamente faziam parte de sua base aliada. Após o golpe de estado que afastou a presidenta eleita, a ofensiva contra o PMCMV-Entidades se intensificou e este passou a ser propagado como ineficiente e ideológico. Após analisar matérias dos jornais Estadão e Folha de São Paulo, pretendemos demonstrar como a mídia tem distorcido as informações sobre o programa para desqualificar uma forma de produção habitacional que possui uma dinâmica própria e difere muito da produção empresarial. Apontamos que o ataque ao PMCMV-Entidades faz parte de um conjunto de outras “notícias” utilizadas pela grande mídia para “construir o consenso” sobre a necessidade de acabar com os poucos espaços conquistados pela sociedade organizada e legitimar o atual governo.