Manuela Mendonça de Alvarenga
Programa de Pós Graduação em Geografia - UFMG
Resumo
Comecemos por um mal entendido histórico que se tornou anedota.1 Diz-se que o
Primeiro Ministro da República Popular da China, Zhou Enlai, no começo dos anos 1970, ao
ser questionado por jornalistas americanos a respeito dos impactos da Revolução Francesa,
respondeu: “ainda é muito cedo para dizer”. A percepção de que 150 anos ainda não eram
suficientes para que se pudessem compreender os desdobramentos de tal evento histórico
corroboraram para a fama da China como uma “civilização paciente”. Com o tempo, estes
jornalistas revelaram que o líder comunista não havia compreendido que a pergunta se referia
à Revolução de 1789, e estava falando, na verdade, dos eventos de maio de 1968, também
ocorridos na França. De toda forma, não deixa de nos surpreender a prudência do Primeiro
Ministro quando, três anos depois, ainda não se arriscava a expor uma conclusão sobre as
insurreições francesas.