ST 6 CAMINHOS DO DESENVOLVIMENTO: TRANSFORMAÇÕES SOCIOESPACIAIS E CULTURAIS NOS MUNICÍPIOS DO COMPLEXO INDUSTRIAL PORTUÁRIO DE SUAPE, PERNAMBUCO
Danielle de Melo Rocha
UFPE
Helenilda Wanderley de Vasconcelos Cavalcanti
Fundação Joaquim Nabuco
Resumo
Este artigo é inspirado na pesquisa Impactos do Complexo Industrial Portuário de
Suape (CIPS): migração, condições de moradia, identidade e novas territorialidades, da
Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e do Observatório/PE da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE). Contextualiza-se suscintamente a aceleração econômica do CIPS, no
momento recente do novo desenvolvimentismo no Brasil e no Nordeste, cujo impacto produz
transformações na configuração socioespacial e nas dinâmicas socioculturais da população,
privilegiando o ponto de vista dos atores sociais sob o contexto das transformações nos
principais municípios de influência direta do Complexo, o Cabo de Santo Agostinho e
Ipojuca. Essas transformações são observadas nas mudanças: i) do uso e ocupação do solo,
face ao processo de urbanização e à oportunidade dos atores privados implantarem
empreendimentos imobiliários e de logística, criando novos territórios para inserção de novos
grupos sociais; ii) das dinâmicas socioculturais,exacerbando conflitos entre trabalhadores
oriundos de atividades tradicionais (pesca e agricultura) e o processo de industrialização
(CIPS), moradores ou trabalhadores locais e migrante. Busca-se capturar as
“circustancialidades” (Geertz, 1989) daqueles que vivem a experiência da implantação do
CIPS, um dos mais importantes polos de investimentos industriais de grande porte da
América Latina, por meio das interpretações elaboradas em seus depoimentos. Questiona-se a
quem serve esse progresso oferecido a pernambucanos e nordestinos que desafia os limites da
natureza, enterra culturas e produz paradoxos por “caminhos sinuosos”?