ST 6 Corpos desobedientes ocupam o espaço público: a experiência estética da contraconduta vivida no cotidiano da cidade
Laura Fonseca de Castro
Universidade Federal de Minas Gerais
Resumo
Este trabalho discute as normas de conduta que afetam os modos de vida cotidianos na cidade. Explora-se criticamente os aspectos que limitam as liberdades individuais e coletivas no que se refere ao uso do espaço urbano. A incorporação de normas de comportamento, discutida por Bourdieu, é apresentada como disposições sociais que se estabelecem ao longo de vivências coletivas e legitimam a manutenção da distinção entre grupos e seu poder simbólico. No que tange a relações de poder e estratégias de governo, Foucault discute o conceito de sociedade disciplinar com base no controle do comportamento. Nesse sentido, a governamentalidade é a conduta dos indivíduos orientada de acordo com os interesses de um conjunto complexo de instituições, procedimentos, protocolos, análises, reflexões, cálculos e táticas que regulam a vida cotidiana. A discussão da governamentalidade é inseparável das manifestações de resistência a ela, assim a contraconduta seria a decisão de se colocar contra os efeitos das relações de poder estabelecidas. Como comportamento desviante da norma, as experiências estéticas relacionadas à livre apropriação das estruturas da cidade são a corporificação do conceito de contraconduta localizadas no tempo e no espaço. A partir da narrativa do experimento onde três dançarinas se apropriam de um ponto de ônibus em Belo Horizonte para praticar pole dance, a experiência estética do corpo na cidade é analisada sob a perspectiva da provocação e da insurgência, a fim de apontar os efeitos e os limites do controle sobre o comportamento e o papel da desobediência como contraconduta vivida no cotidiano.