ST 4 Processos urbanos em São Carlos, SP: duas bacias hidrográficas, dois momentos

  • Maria Cecília Pedro Bom de Lima Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos

Resumo

A urbanização de cidades brasileiras foi marcada pela recorrente aplicação da técnica para o controle dos processos naturais no ambiente urbano, principalmente a partir da década de 1950. Rios e córregos receberam uma série de intervenções ao longo da história que, acumuladas, contribuíram para a transformação da percepção da população com relação a esses elementos naturais e para sua supressão do cotidiano urbano. A partir da década de 1980, com a popularização do debate ambientalista, foram introduzidos novos valores para a construção das cidades, visando um diálogo entre processos naturais e urbanos. No entanto, existe um conflito entre agentes que buscam introduzir esses novos valores na construção da forma urbana e os interesses do mercado imobiliário, inviabilizando o cumprimento de diretrizes, a aplicação de leis ou a elaboração de políticas públicas. Também denota-se a insuficiência das abordagens puramente ecológicas para a resolução de problemas ambientais no contexto urbano, o que direciona elaborações a respeito do papel dos espaços livres como mediadores entre os processos naturais e as funções coletivas da cidade. Este artigo busca explicitar essas questões, apresentando uma breve comparação entre distintos modos de apropriação de córregos ao longo do desenvolvimento urbano da cidade de São Carlos, localizada no interior do Estado de São Paulo. A comparação será efetuada a partir dos processos de ocupação das microbacias hidrográficas do Córrego do Gregório e do Córrego Água Quente, que convergem no sentido de promover a gradativa invisibilidade de rios urbanos.
Publicado
2019-05-01
Seção
Sessões Temáticas