ST 1 PODEMOS FALAR DE UMA PERIFERIA FRACTAL? ALGUMAS EVIDÊNCIAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE – MG
Thiago Canettieri
UFMG
Resumo
A partir do século XXI tem se observado uma nova de produzir o espaço
metropolitano que reflete diretamente na sua forma urbana e sua organização espacial. Essa
nova forma ganha várias alcunhas: urbanização fractal, edgless city, cidade difusa,
fragmentada, dispersa, extensiva, reticular, entre vários outros. Autores como Soja (2008),
Tonucci (2009) e Limonad e Costa (2014) apresentam essa nova forma como sendo
essencialmente dispersa e fragmentada territorialmente, com uma forma mais líquida se
podemos apropriar-nos da ideia de Bauman (2000). Dessa forma, temos que, de maneira
geral, a forma que organiza a urbanização contemporânea na metrópole é, como discutido,
essencialmente fractal. Com isso destacamos esse seu caráter fragmentado, desconexo e
mutável. Não como um mosaico, analogia utilizada durante a década de 1980 pelos
urbanistas, mas, na verdade como um caleidoscópio. Mas é preciso definir melhor essa
dimensão, em especial tendo como ponto de partida a dimensão da ontologia da expulsão nas
cidades contemporâneas. Dessa forma, propõe-se aqui, para designar de forma melhor
qualificada essa urbanização, para melhor definir a dimensão da produção dessas novas
periferias, o uso da ideia da periferia fractal.
A ideia de periferia fractal, como será discutido, acreditamos que permite captar o
movimento de dispersão do tecido urbano ao mesmo tempo que não se desfaz na ideia de uma
metrópole anuclear, destacando que ainda é reproduzido a noção de centro e a noção de
periferia.
Limonad e Costa (2014) partem da reflexão sobre a existência de uma
diferenciação que tem ocorrido no campo conceitual na pesquisa urbana: a oposição da ideia
de “edgeless cities” e a manutenção dos modelos centro-periferia. As autoras apresentam que
essa questão surge exatamente por ocorrer uma expressiva mudança na organização do espaço
metropolitano a partir da terceira revolução industrial – acentuada no século XXI – que afeta a
distribuição da população e a produção do espaço, desafiando os conceitos estabelecidos que
são usados para se referir a esses espaços. Muito tem sido escrito sobre a incapacidade de se
manter as categorias, amplamente utilizadas nas décadas de 1970 e 1980, de centro-periferia.
Segundo as autoras “[...] contemporary urban and metropolitan sprawl defies previous centreperiphery
correlations” (LIMONAD; COSTA, 2014, p.118).