ST 2 A REGULAMENTAÇÃO DO SETOR DE SANEAMENTO NO BRASIL: ENTRE OS CONSTRANGIMENTOS DO ESTADO CAPITALISTA E AS POSSIBILIDADES DA POLÍTICA
Berenice de Souza Cordeiro
UFRJ / IPPUR
Resumo
Durante a primeira metade da década de 2000, parte significativa da sociedade
brasileira vivenciou um forte sentimento de que a esperança poderia vencer o medo.
Acreditava-se na possibilidade real de mudança, no sentido de promover a inclusão social por
meio do aprofundamento da democracia. Aquela expectativa, impregnada principalmente nos
segmentos sociais que fizeram a luta política pela redemocratização no Brasil, tendo na
Constituição de 1988 o seu emblema e na Reforma Urbana a sua bandeira, chegara
timidamente até o Estado, alcançando pelo menos o governo que acabara de ser eleito.
Ao atingir as organizações que integram o Estado, mais especificamente uma das
suas mais importantes instituições - o governo, a esperança passa a permear os espaços nos
quais se discute e se formula políticas públicas. Assim, influencia o setor de saneamento que,
embora descontextualizado do processo mais amplo de democratização da gestão pública,
como fizera o movimento pela Reforma Urbana (RIBEIRO e CARDOSO, 2003), encontrarase,
por um lado, emergido de uma luta política entre os agentes acerca da privatização e, por
outro, pressionado por todos os lados, o que inclui agentes em posições confrontantes, para
avançar na regulamentação do quadro normativo no nível nacional.