Janaina Lopes Pereira Peres
Universidade de Brasília
Marina Oliveira Vaz Batista
Universidade de Brasília
Alana Silva Waldvogel
UnB
Resumo
O presente artigo resulta da pesquisa em curso que visa a compreender a história da Capital Federal a partir de suas expressões culturais. Nosso ponto de partida é a cidade satélite Ceilândia (Região Administrativa IX), situada a 30 Km do Plano Piloto e construída na década de 1970 pela Companhia de Erradicação de Invasões (CEI), cujas iniciais deram origem ao seu nome. Para Ceilândia, foram deslocadas cerca de oitenta mil pessoas, constrangidas a enfrentar situações de precariedade, tais como a falta de água e esgoto, de comércio e mesmo de transporte para vencer as grandes distâncias que a separavam de Taguatinga e do Plano Piloto. Passados 45 anos de sua criação, a “cidade” se consolidou, é um centro urbano dinâmico que conta com uma população superior em quase duas vezes a do Plano Piloto, representando aproximadamente 15% da população do Distrito Federal. Em processo de conurbação com Samambaia e Taguatinga, Ceilândia afirma-se como centro de novas expressões e movimentos culturais, que denunciam as tensões sociais da metrópole Brasília, atualmente constituída pelo Plano Piloto e mais 30 Regiões Administrativas. A primeira geração de crianças da Ceilândia, hoje na faixa etária dos 40-45 anos, é a porta-voz da segregação e das lutas que construíram esse lugar. O rap da Ceilândia canta essa trajetória, por meio de suas cruas palavras, nos deixa à mostra os mundos paralelos que constituem Brasília. Os poetas do rap nos falam dos reveses de uma utopia.