ST 7 Brasil: um século, cinco Cidades Novas administrativas
Ricardo Trevisan
Universidade de Brasília
Sylvia Ficher
FAU UNB
Frederico Maranhão de Mattos
FAU UNB
Resumo
Descoberto em 1500, um vasto território que veio a ser conhecido por Brasil tornou-se um laboratório de urbanização. Da costa à hinterlândia, assentamentos foram um dos instrumentos adotados pelos portugueses para garantir sua posse. Os tempos coloniais viram o surgimento de alguns núcleos administrativos segundo planos regulares, como em João Pessoa (1585), São Luís (1612), Recife (1637) e Macapá (1738). No período imperial, de 1822 a 1889, Teresina (1852) e Aracaju (1855) foram implantadas sob as mesmas bases. Com a República em 1889, uma nova divisão do território foi adotada e tais vilas tornaram-se as capitais de estados. Desde então, quatro outras capitais de estado e uma federal foram construídas. De utopias a realidades, tais cidades exemplificam com perfeição os ideários urbanísticos em voga no ocidente. Belo Horizonte (1893-97), capital de Minas Gerais, recebeu do engenheiro Aarão Reis um plano compreendido por duas malhas ortogonais sobrepostas. Em Goiânia (1933-37), capital do estado de Goiás, o arquiteto Attilio Corrêa Lima adotou um desenho barroco, ordenado segundo um zoneamento Modernista, complementado com um setor traçado à maneira howardiana pelo engenheiro Armando Augusto de Godoy. O centro cívico de Boa Vista (1944-46), projetado pelo engenheiro Darcy Aleixo Derenusson, imprimiu um plano radio concêntrico para a capital do estado de Roraima. Desenhada pelo arquiteto Lucio Costa, Brasília (1957-60) substituiu o Rio de Janeiro como capital federal, trazendo o urbanismo funcionalista e a arquitetura moderna para o ermo Planalto Central. Por fim, Palmas (1988-90), planejada pelo escritório GrupoQuatro, foi construída para sediar a capital do recém-criado estado do Tocantins, refletindo algumas características de Brasília. Tradição perpetuada ao longo de um século a serem interpretadas como rupturas a um passado a ser suplantado ou como direcionamentos de ocupação de novas fronteiras.