ST 6 Práticas de finanças solidárias como práticas urbanas: uma análise da dimensão espacial das ações dos bancos comunitários de desenvolvimento
Gustavo Resgala Silva
Universidade Federal de Minas Gerais
Resumo
Este artigo compõe um caminho teórico-reflexivo das possibilidades de se ter em experiências de economia solidária uma proposta de construção de novas relações urbanas. Mais especificamente, propõe-se aqui destacar a dimensão espacial das práticas de finanças solidárias dos Bancos Comunitários de Desenvolvimento, presentes em mais de 100 comunidades pobres do Brasil. Para tanto, é apresentada a relação entre o processo de instalação do modo de produção fordista com a produção do espaço urbano no país, compondo as raízes para a compreensão da cidade que aqui é produzida. Soma-se a esta relação a visão de Karl Polanyi dos efeitos desastrosos da naturalização e autonomia dos fenômenos econômicos de mercado sobre as demais esferas da vida cotidiana, dando luz a uma nova categoria de economia para além de sua esfera de mercado e lançando as bases para estudos da economia em suas dimensões plurais. A economia popular e solidária é apresentada tendo em vista seu potencial como uma alternativa além da produção e do mercado, mas à sociabilidade humana em geral. São, por fim, destacados os possíveis efeitos das ações dos bancos comunitários que evidenciem um potencial processo de reconfiguração urbana em curso nas periferias. Tem-se na proposta das novas atividades econômicas de redesenhar relações de reciprocidade e domesticidade o contraponto à lógica hegemônica de acumulação do capital e o fundamento para a criação endógena de respostas técnicas, econômicas e institucionais. Vislumbram-se, assim, possibilidades da demarcação de uma área urbana onde ganha força a diferença e a criatividade.