ST 8 A PRODUÇÃO HISTÓRICA DO ESPAÇO PORTUÁRIO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: RELAÇÕES DE PODER E A LUTA PELA EFETIVAÇÃO DE TERRITÓRIOS

  • Letícia de Carvalho Giannella UFF-Universidade Federal Fluminense

Resumo

O espaço portuário da cidade do Rio de Janeiro vem sofrendo ao longo dos últimos quatro anos um intenso processo de transformação decorrente da implementação do projeto Porto Maravilha. Trata-se de uma intervenção urbana de grande envergadura que objetiva converter os usos históricos e presentes daquela porção do espaço em novos usos e espaços alinhados à perspectiva neoliberal do empresariamento urbano das cidades (HARVEY, 1996, 2005; VAINER, 2009). Slogans tais como “um sonho que virou realidade”, “uma nova cidade está nascendo” e “o projeto Porto Maravilha vai trazer nova vida para a região portuária da cidade” estão presentes em cartazes e outdoors, capas de cadernos de jornais, capas de revistas e, consequentemente, no imaginário citadino. Todavia, existe um paradoxo entre a expressividade atual do espaço portuário carioca e a invisibilidade dos sujeitos que vêm historicamente produzindo este mesmo espaço. Aborda-se o espaço em questão como um espaço neutro, sem vida, vazio e que está pronto, portanto, para ser transformado em um espaço dinâmico e vivo. O jornal carioca O Globo, por exemplo, intitula reportagem sobre o projeto com a seguinte afirmação: “a cidade nasce das ruínas”. Em seguida, a reportagem sentencia: “de ruas mal iluminadas, imóveis abandonados e ocupações irregulares surgem áreas reurbanizadas, com forte potencial de atrair investidores, turistas e moradores” (ROCHA, MOTTA & VASCONCELOS, 2010, não paginado).
Publicado
2019-05-01
Seção
Sessões Temáticas