ST 1 A APROPRIAÇÃO DO TEMPO-ESPAÇO NA TEORIA LEFEBVRIANA
Paola Lisboa Coda Dias
Prefeitura Municipal de Belo Horizonte
Resumo
Esse artigo pretende demonstrar a importância do conceito de apropriação nos
termos lefebvrianos para os estudos contemporâneos sobre o espaço, em geral, e sobre o
urbano e as cidades, em particular. Assim, deve-se destacar que o propósito não é analisar o
espaço propriamente dito, mas sua apropriação, entendendo-a como uma prática sócioespacial
empreendida pelo indivíduo ou grupos sociais em toda sua potencialidade humana
que, ao longo da história, transforma a natureza no sentido amplo, isto é, considerada não
somente em seus aspectos geofísicos e de vida biológica, mas incluindo também as
sociedades, os espaços objetivos e subjetivos, além do próprio tempo.
Inicialmente, faz-se necessário explicar o porquê de se escolher um tema – a
apropriação – tão pouco recorrente em pesquisas sobre o espaço – urbano, rural, cidades –,
principalmente, nas áreas do conhecimento que privilegiam esse aspecto da realidade como a
arquitetura e urbanismo, a geografia ou o planejamento urbano e regional. Nesse sentido,
destaca-se que a inquietação inicial que deu origem a esse artigo corresponde aos
questionamentos quanto à atividade profissional dos arquitetos-urbanistas, planejadores e
planificadores, que a partir de uma lógica de Estado capitalista moderno, focam, como seus
objetos de estudo e intervenção, os aspectos prático-sensíveis espaço – como as questões
relativas os espaços físico-construídos e às redes e fluxos de pessoas, mercadorias e dinheiro.
Desse modo, esses profissionais exercem suas atividades limitados por um “campo de visão”
da realidade que somente lhes permite apreender e engendrar o espaço em uma perspectiva
dominante e em uma escala macro, não sendo capazes de “enxergar” as práticas sócioespaciais
dominadas e em uma escala local.