ST 10 Como sem-teto se tornaram planejadores urbanos em SP?
Felipe Villela de Miranda
IPPUR/UFRJ
Resumo
Este trabalho investiga implicações para o planejamento urbano da multiplicação de edifícios ocupados por movimentos de moradia na região central da cidade de São Paulo. Com base em referências do planejamento radical e do insurgente, indica-se como o Movimento Sem-teto do Centro (MSTC/FLM) contribui para que o planejamento urbano oficial promova valores de uso do espaço em oposição aos valores de troca. Para tanto, este artigo relaciona a transformação da área central nas últimas décadas com a articulação política que começou nos cortiços e resultou em ocupações de edifícios abandonados, destacando como o discurso dos sem-teto hoje faz referência às conquistas legais da mobilização pela Reforma Urbana, nos anos 1980. Ao mesmo tempo, este texto também aborda o conflito entre interesses populares e imobiliários, tomando como exemplo a Parceria Público-Privada Habitacional, grande projeto proposto recentemente pelo governo do Estado.