ST 3 A produção financeirizada de habitação de mercado em Belém, PA

  • Raul da Silva Ventura Neto FACI
  • José Júlio Ferreira Lima Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Pará

Resumo

A inserção do Brasil na lógica da acumulação financeira se consolidou nos anos 90 com a política neoliberal do governo FHC (1995 – 2002). A homogeneização do território para essa produção imobiliária de relações mais estreitas com o capital financeiro é efetivada a partir de alterações na estrutura de funcionamento do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e na criação do Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), pelo governo federal e entre o segundo período do governo FHC (1999 – 2002) e o primeiro mandato do governo Lula (2003 – 2006). A estratégia adotada foi de fomentar a securitização de ativos imobiliários, inspirado no modelo norte-americano de hipotecas securitizadas, e apresentando para isso instrumentos jurídicos e financeiros formatados para essa função que auxiliariam na formação de um mercado secundário de hipotecas no país. Em decorrência, a produção de habitação de interesse social e de mercado a partir de 2008, ano da crise imobiliária norte-americada, esteve associada de maneira conectada a financeirização de mercado e a criação de mecanismos estatais de subsídio para a construção de unidades habitacionais. A análise contida deste trabalho busca compreender os efeitos da chegada de empresas de outros locais do Brasil para formar landbanks na periferia da cidade de Belém. Parte-se do entendimento dos desdobramentos da financeirização da habitação de mercado, e sugere-se que estes vão ao encontro das mudanças espaciais ainda em curso na cidade. Dados quantitativos são apresentados para demonstrar que no cerne das modificações observadas na periferia belenense, está a operacionalização do capital financeiro imobiliário.
Publicado
2019-05-01
Seção
Sessões Temáticas