ST 4 NARRATIVAS HEGEMONICAS E CONTRA HEGEMONIA NARRATIVA: REORDENAMENTO NORMATIVO E DIREITOS TERRITORIAIS
Julianna Eluze Carrera Malerba
IPPUR/UFRJ
Resumo
Em fevereiro de 2013, o jornal Valor Econômico, em matéria intitulada ‘As
prioridades dos ruralistas’1 , apresentava um dos eixos sobre o qual a Frente Parlamentar
Agropecuária planejava concentrar sua atuação no Congresso em 2013: a oposição à
demarcação de terras indígenas. Quatro meses depois, em junho, o Executivo enviava ao
Legislativo, em regime de urgência constitucional, o Projeto de Lei 5807/2013 que dispõe
sobre a atividade de mineração que deverá substituir o Código Mineral de 1967 atualmente
em vigência.
Essas duas informações, aparentemente desconexas, guardam forte relação com a
questão agrária e o “giro territorial” que ela experimentou nos últimos 20 anos. Elas se
relacionam ao acirramento da disputa por terra e território e as novas formas que ela vem
assumindo a partir de um processo de reordenamento normativo, operado tanto pelo
Executivo quanto pelo Legislativo, que visa ampliar o acesso das atividades intensivas em
recursos naturais (como mineração e agronegócio) a territórios que, em função do
reconhecimento pela Constituição Federal de direitos comunitários à terra e aos recursos
naturais, estão fora do mercado de terras e sob uso distinto daquele que a razão utilitária e a
“vocação” desenvolvimentista do Estado brasileiro reconhece como necessário ao
desenvolvimento do país.