ST 2 AS ESCALAS DA POLÍTICA URBANA NO BRASIL: EM BUSCA DE NOVAS LENTES ANALÍTICAS
JÚLIA LINS BITTENCOURT
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC - UFABC
Resumo
O Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257 aprovada em 2001) regulamenta os artigos
sobre política urbana da Constituição e impulsiona a nova “rodada” de planejamento urbano
municipal cercada de “promessas” (Amore, 2013). A eleição do Presidente Lula em 2003 e a
criação de um Ministério dedicado às políticas setoriais urbanas, bem como o compromisso da
retomada do financiamento da habitação, saneamento e mobilidade urbana, em 2007, pareciam
completar as condições para a redução das desigualdades espaciais e da informalidade nas cidades
brasileiras. Para decepção de muitos militantes da reforma urbana, no entanto, a incapacidade dos
recentes avanços institucionais recentes em efetivamente transformar as cidades parecem, no
entanto, apontar para um “impasse” e anunciam o “fim de um ciclo” (Maricato, 2011).
Embora a análise dos caminhos e descaminhos do projeto de reforma urbana (Maricato,
2001; Santo Amore, 2013; Rolnik, 2009; 2011) e dos impactos dos investimentos recentes em
habitação na expansão das cidades sejam relativamente frequentes, há poucas análises aprofundadas
sobre a interação entre as diversas escalas de atuação do Estado e de agentes sociais no desenrolar
da política urbana brasileira fora do campo das relações intergovernamentais, da ciência política.
Do ponto de vista da tentativa de compreensão da produção do espaço, cabe perguntar: Qual é a
geografia institucional da política urbana no Brasil, e de que maneira ela reproduz ou contesta o
padrão de urbanização desigual das cidades brasileiras? De que forma a retomada dos investimentos
em