ST 3 A produção do espaço urbano pelo Lulismo: contradições específicas da dependência

  • Isadora de Andrade Guerreiro Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

Resumo

Retomando o debate acerca da especificidade da economia brasileira em André Gunder Frank, que a definiu em termos de um “desenvolvimento do subdesenvolvimento”, procura-se entender o chamado Lulismo como a forma específica que adquiriu a dependência no último período no Brasil: uma necessária atualização da base produtiva nacional para dar resposta à atual predominância do capital financeiro mundialmente. Para tanto, percorre-se o pensamento de Francisco de Oliveira, Sérgio Ferro e Ruy Mauro Marini, para os quais a leitura do desenvolvimento capitalista no país articula elementos do subdesenvolvimento de maneira dialética, funcionalizando permanências na expansão e acumulação do capital. A produção do urbano é entendida aqui como chave privilegiada de análise desta dialética, em particular na sua forma lulista, na medida em que articula mercado e Estado de maneira específica. A finalidade desta articulação seria aquela de colocar em andamento toda uma nova estrutura produtiva do urbano, que relaciona renda da terra, mercado de crédito e a construção civil por meio do Programa Minha Casa Minha Vida. Nele, o discurso desenvolvimentista mal esconde a permanência de elementos “arcaicos” (como a periferização horizontalizada articulada com a precarização e simplificação do trabalho no canteiro de obras) combinados com o aprofundamento das desigualdades e conflitos urbanos – expressos contundentemente em grandes ocupações de terra.
Publicado
2019-05-01
Seção
Sessões Temáticas