ST 4 Análise comparativa de tipologias de rural e suas implicações nas políticas públicas de saneamento
André Santos de Andrade
Universidade Federal de Minas Gerais
Bárbara Marques Sales
Universidade Federal de Minas Gerais
Nathalia Roland de Souza Ribeiro
Universidade Federal de Minas Gerais
Sonaly Cristina Rezende Borges de Lima
Universidade Federal de Minas Gerais
Resumo
O presente artigo tem o objetivo de comparar e analisar criticamente duas metodologias que resultam na tipologização de territórios rurais: a do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). Tendo como referencial as respectivas aplicabilidades dessas tipologias para a elaboração de políticas públicas de saneamento, avalia-se, por meio de estatística descritiva, as condições de acesso dos domicílios rurais brasileiros a três componentes do saneamento: abastecimento de água, esgotamento sanitário e resíduos sólidos. Os resultados apontam grande disparidade entre as duas metodologias de definição de territórios rurais. De acordo com a definição do IBGE, 27,8% dos moradores das áreas rurais possuem acesso à rede geral de água, 3,1% à rede geral de esgoto e 26,9% à coleta direta ou indireta de resíduos sólidos. Conforme a definição do IICA, o acesso à rede de água pela população rural varia de 51,5% a 76,4%, o acesso à rede de esgoto varia de 8,7% a 46,8% e à coleta de resíduos sólidos de 51,3% a 79,9%. A metodologia proposta pelo IICA engloba muitos núcleos urbanos em suas quatro tipologias de rural, bem como o contrário, exclui distritos com características rurais por estarem próximos a centros urbanos. Com isso, observam-se elevados valores de cobertura dos serviços para as variáveis de saneamento analisadas. O banco de microdados do Censo Demográfico do IBGE, por sua vez, falha ao abordar a dicotomia rural e urbana apenas, não permitindo uma análise mais aprofundada dos dados.