ST 4 De quem é essa terra? Os impactos sócio espaciais da mineração pós-rompimento da barragem de Fundão em Mariana/MG
Monique Sanches Marques
universidade federal de ouro preto
Sandra Maria Antunes Nogueira
universidade federal de ouro preto
Resumo
No dia 5 de novembro de 2015 a Barragem de Fundão em Mariana/MG, da mineradora Samarco, uma empresa joint venture da Companhia Vale e da Anglo Australiana BHP Billiton se rompeu liberando aproximadamente 50 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos de mineração. Este desastre afetou e afeta biomas e comunidades da Bacia do Rio Doce. Nesse contexto, populações foram des-reterritorializadas dos seus modos de vida, o que vem provocando danos sócio espaciais e ambientais muitas vezes irreversíveis, envolvendo questões relacionadas à perda de moradia, comprometimento da fauna, flora e dos recursos hídricos, alterações em suas atividades econômicas e sociais, em seus estados de saúde mental e física e em seus cotidianos. Esse evento insere essas populações atingidas em situações de sofrimento social e nos faz questionar nosso modelo de sociedade e de desenvolvimento. Após um ano desse desastre o que se vê é o protagonismo da empresa e a inação do Estado com relação à execução dos ressarcimentos, indenizações e dos reassentamentos. O que se percebe é um jogo assimétrico de forças entre atingidos, Estado e empresa. Este desastre sócio- tecnológico mostra a emergência em enxergar as pessoas colocadas sob o julgo da manutenção e da expansão da exploração mineral no Brasil. O entendimento do impacto causado pelo desastre passa pelo enraizamento territorial desta atividade no Brasil, em Minas Gerais chegando a Gesteira, no município de Barra Longa. Pretende-se mostrar que a terra minerada é recorte potente e vulnerável, diante do motor econômico que move este setor.