ST 6 Piqueniques à venda: da poética ao fetiche

  • Julia Silva Benayon Universidade Federal Fluminense

Resumo

Este artigo é parte de um estudo reflexivo sobre as práticas de lazer nos parques públicos cariocas, no contexto da contemporaneidade, tendo como exemplo as atividades de piqueniques e sua recente mercantilização. Para compreender essa tendência de “venda dos piqueniques” foram investigados três eixos temáticos principais: “a contemporaneidade”, “o espaço público” e “trabalho versus lazer”. A pesquisa buscou compreender práticas sociais que acontecem em parques da zona sul do Rio de Janeiro – locus de maior concentração da renda e das elites da cidade. O crescimento na ocorrência de piqueniques nos parques da zona sul carioca é expressão de uma sociedade capitalista cujos hábitos de consumo se intensificam a cada novidade apresentada pelo mercado, e cujas pressões do trabalho parecem impelir a uma busca por alternativas de descompressão de uma rotina acelerada. Os discursos verde, ecológico e de qualidade de vida parecem incentivar essa volta ao espaço público e ao ar livre encontrando eco nos atuais movimentos de incentivo ao uso e apropriação desses espaços para atividades de lazer. A poética dos piqueniques parece ser gradativamente substituída pelo fetiche de sua estética, e sua mercantilização incorpora uma apropriação privada do espaço público excluindo gradativamente aqueles que não podem pagar. A dimensão da mercadoria e da mercantilização das atividades de lazer é assustadora, mas parece expressão do que uma sociedade de consumo e uma economia de serviço produzem: a mercantilização da própria vida.
Publicado
2019-05-01
Seção
Sessões Temáticas