ST 1 VITÓRIA METROPOLITANA-ES: A INTERIORIZAÇÃO DA ATIVIDADE PORTUÁRIA
Martha Machado Campos
Universidade Federal do Espírito Santo
Minieli Fim
PPGAU / UFES
Resumo
O panorama recente da atividade portuária inserida na Região Metropolitana da
Grande Vitória - ES, em particular no território denominado Vitória Metropolitana2, resulta,
majoritariamente, da intensificação dos processos de globalização e da abertura econômica
brasileira, a partir das duas últimas décadas do século XX. Ambos os fatores potencializam o
agenciamento do território urbano e metropolitano em tela como campo de operação de
dispositivos infraestruturais de alcance global, devido ao arranjo operacional da tríade porto,
indústria e logística (Campos, 2004)3. Afirma-se, portanto, que a reconfiguração territorial
abordada vincula-se às implicações do setor portuário decorrentes do crescimento do
comércio exterior, possibilitado, sobretudo, pela política de abertura comercial brasileira.
Iniciada em fins dos anos de 1980, tal política perdura no século XXI, dirigida
para extinção das restrições comerciais existentes e liberações de importação de bens de
consumo geral (Sindiex, 2003; Ribeiro, 2008). Além das conveniências comerciais
decorrentes da abertura econômica, detidamente dos anos 1990, associada às práticas
neoliberais de governo orientadas para o mercado, o crescimento do comércio exterior no
Espírito Santo vincula-se, principalmente, aos incentivos do instrumento financiador do
Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias (Fundap). O Fundap facilitou, na
ocasião, por meio de financiamentos e redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS), a atração de empresas para operar suas mercadorias nos portos capixabas
(Sindiex, 2003; Ribeiro, 2008). Nos termos de Ribeiro (2008), o Fundap constituiu um
mecanismo criado em 1970 (Lei Estadual n.º 2.508), que se tornou efetivamente atrativo para
as empresas mediante abertura comercial brasileira dos anos 1990 (Ribeiro, 2008). O discurso
de apologia desse mecanismo - extinto desde 2013-, defende que, “[...] além de fomentar o
surgimento de novas empresas fundapeanas no Espírito Santo, o Fundap estimulou a criação
de terminais especializados em processamento e desembaraço de cargas nos municípios da
Serra e Cariacica” (Ribeiro, 2008, p. 100).