SL - 24 Finanças, Política e Território: A emergência de novas escalas geográficas
Resumo
As configurações do sistema financeiro e bancário, nos diferentes países, resultam do encontro entre a internacionalização das finanças e os determinantes internos a cada Estado Nação (históricos, geográficos, econômicos, organizacionais e políticos). Embora a mundialização econômica transforme os Estados – quando, por exemplo, certos componentes da soberania do Estado Nação se transferem a entidades supranacionais –, os espaços nacionais ainda guardam suas especificidades e não se ajustam à imagem de um novo conjunto completamente mundializado, como revelam estudos sobre a geografia das finanças e dos bancos em países diversos, como Turquia, Grã-Bretanha, EUA, Itália e Brasil. O sistema financeiro se integra à escala mundial, enquanto seus subsistemas – geográficos e econômicos – se reorganizam. Essas mudanças estão no centro de debates pluridisciplinares e políticos que giram em torno da formação (ou não) de um mercado de capital global, do papel do Estado Nação, da complexidade das interações entre o sistema mundial e os espaços nacionais. “Globalização financeira”, “financeirização global” e “mundialização financeira” constituem apenas três exemplos de expressões criadas para designar as transformações das últimas décadas, caracterizadas principalmente pelo processo de desregulamentação, pelas inovações técnicas no domínio da informação e da comunicação, e pela abertura, externa e interna, dos sistemas nacionais, anteriormente fechados e compartimentados. Abertura externa, que amplia a escala de ação das instituições financeiras para além dos mercados nacionais, e abertura interna, que permite atuação nos mercados até então fortemente segmentados. Desde então, aquele que investe procura o melhor rendimento, passando de um título a outro ou de uma moeda a outra numa lógica de finanças de mercado planetário que concorre com as finanças bancárias.
O objetivo desta sessão coordenada é reunir pesquisadores de horizontes disciplinares diversos, que compartilham a procura de caminhos que levem à compreensão do processo de financeirização contemporâneo, através do estudo de seus nexos, de seus atores e de suas implicações na dinâmica territorial brasileira e mundial, em múltiplas escalas geográficas. Nessa perspectiva, serão abordadas:
a) as novas conexões entre mercado imobiliário e capital financeiro na produção do espaço urbano; b) a interferência que as finanças apresentam, hoje, no circuito inferior da economia urbana, numa busca de atualização da Teoria dos dois circuitos da economia urbana, formulada por Milton Santos; c) as mudanças no mapa das finanças regionais, através do estudo da relação entre crédito e depósito; d) a reorganização das redes financeiras e bancárias, em suas dimensões normativas, políticas, econômicas e espaciais; e) a relação entre sistema financeiro internacional e soberania nacional. Partindo de temáticas diversas, as diferentes pesquisas buscam contribuir no debate teórico e metodológico sobre a relação entre finanças, política e território.
