GT4 - 676 Modelos Cambiantes: Planejamento, Gestão e Organização do Espaço Urbano numa Cidade Planejada
Resumo
Frente à crítica hodierna ao conceito de planejamento, esse trabalho procura situar, historicamente, algumas relações que se estabelecem entre planejamento e gestão, mostrando como esses dois termos se relacionam com o processo mais amplo da organização do espaço urbano. Para isso, utiliza-se do caso de Belo Horizonte, entre os anos de 1894 e 1960, para o qual a Fundação João Pinheiro realizou um notável trabalho de sistematização de dados referentes à administração municipal. A partir desses dados, percebe-se como Belo Horizonte pode se constituir num objeto privilegiado para se estudar essa relação: nascida planejada no final do século XIX, a capital de Minas Gerais logo vai ver o seu espaço urbano subverter a lógica daquele planejamento e a gestão municipal sentir-se impotente para fazer frente à lógica da produção do espaço numa cidade capitalista periférica. Nessa linha, o trabalho vai abordar as três grandes tentativas de se realizar um planejamento mais sistemático da cidade que pretendiam responder, também sistematicamente, cada qual a seu modo e a partir da sua concepção própria de planejamento, ao desafio de construir e de dirigir o crescimento da Capital mineira. Assim, exploram-se o plano da Comissão Construtora, coordenado pelo engenheiro Aarão Reis em 1894, o Plano de urbanização de Belo Horizonte, de Lincoln Continentino, de 1935, e o Plano Diretor preparado pela Sociedade para Análise Gráficas e Mecanográficas Aplicadas aos Complexos Sociais (Sagmacs)/Padre Lebret em 1962 que representam exemplarmente momentos distintos da trajetória da relação dialética entre planejamento, gestão e produção do espaço em Belo Horizonte.