ST 9 Sobre conflitos urbanos, territórios e poder: a disputa pela incerteza

  • Raquel Garcia Gonçalves UFMG
  • Karina Machado de Castro Simão UFMG
  • Ricardo Viana Carvalho de Paiva Centro Universitário Una
  • VIVIANE SILVA RAMOS Universidade Federal de Minas Gerais

Resumo

As práticas atuais de planejamento urbano no Brasil vêm reforçando as bases capitalistas do mercado imobiliário e consolidando o processo histórico de exclusão social. Cada vez mais, os espaços públicos gerados pelas intervenções promovidas nas cidades apresentam-se como espaços pouco acessíveis a grande parte da população. Nesse sentido, as cidades vêm sendo submetidas a projetos idealizados pelo empreendedorismo e pelo poder público, muitas vezes sem a participação da população popular. Contudo, da vitalidade das cidades emergem vários conflitos e formas de resistências às atuações governamentais e mercadológicas. As tentativas de evitar as manifestações populares, que por muitas vezes impedem o que seria considerado o bom funcionamento das cidades, nem sempre são bem-sucedidas. Tais tentativas são parte do entendimento neoliberal que coloca a cidadania como sinônimo de não conflito, de harmonia, de paz social. Inicia-se, assim, de forma oposta por parte do governo e também da mídia em geral um trabalho de apresentar os riscos presentes nas manifestações: o vandalismo, os manifestantes denunciados como grupo contrário “aos cidadãos do bem”, disseminando-se o medo, a incerteza e a insegurança. O presente trabalho discute a temática de conflito urbano relacionada à idéia de território e de poder. Parte da ideia de que a incerteza, causa principal da insegurança, é o mais decisivo instrumento de poder (BAUMAN, 2013). Parte ainda do conceito de território como algo definido e delimitado por relações de poder (SOUZA, 2009). Para isso, utiliza de dados catalogados pelo Observatório de Conflitos Urbanos de Belo Horizonte no período de janeiro de 2010 a julho de 2016.
Publicado
2019-05-01
Seção
Sessões Temáticas