ST 3 Geopolítica brasileira do financiamento do BNDES para Odebrecht em Angola

  • Fernanda Lira Goes IPEA/UnB

Resumo

Este artigo apresenta a geopolítica brasileira acerca do financiamento do BNDES para obras e serviços de grandes empresas brasileiras em África. A concretização deste desafio ocorre por meio da representação da dinâmica de poder do Brasil em escala internacional com uso de mapas temáticos. O problema de pesquisa se iniciou em bases empíricas, calcada na observação, tendo sido agregada ao debate teórico estabelecido no conceito geográfico de território usado. O estudo cartográfico da geopolítica brasileira neste período é imprescindível para a análise da política externa como instrumento emancipatório do país. No período de 2002 a 2016 o BNDES financiou um total aproximado de US$ 14 bilhões para 14 empresas brasileiras da área de engenharia. A exportação de obras e serviços foi executada em 11 países localizados em América Central, em América do Sul e em África. Houve uma concentração do financiamento na construtora Odebrecht receptora de 64% do valor total. Com relação aos países, Angola concentrou aproximadamente US$ 4 bilhões. Odebrecht recebeu 80% do valor total financiado para Angola. A concentração de dinheiro, que imprime poder a uma única empresa, com atuação direcionada a um determinado país sinaliza existência estrutural de uma geopolítica brasileira contemporânea. Recomenda-se, pois a diversidade na atuação brasileira em termos geográficos e nas mudanças operacionais do financiamento do BNDES.
Publicado
2019-05-01
Seção
Sessões Temáticas