GT7 - 2 - 342 Mapeamentos, Tramas Territoriais e Políticas para Conservação da Bio d i versi da de: as exper1ênc1as de cartografia social em Unidades de Conservação no Brasil
Resumo
Desde a década de 1990, sob o argumento de inserção das comunidades na proteção da biodiversidade, projetos de cunho participativo promovidos por entidades ambientalistas têm se multiplicado no país. O presente trabalho propôs-se a analisar as diversas "tramas territoriais" (fundiárias. étnicas. políticas. ambientais, institucionais) que permeiam 12 experiências de "mapeamento participativo" desenvolvidas em Unidades de Conservação no Brasil.
Entidades ambientalistas inserem as populações residentes em seus projetos para a produção de planos de manejo ou projetos de gestão territorial "sustentáveis" através de mecanismos como as experiências em "cartografia social". A análise crítica dos desdobramentos políticos de cada caso revelou haver múltiplas tramas em que os documentos cartográficos e os mapeamentos participativos são
converti dos em novas formas de enquadramento territoria I e socia I das comunidades locais aos interesses dessas entidades.
As chamadas BINGOs (Big lnternational Non Governamental Organizations) utilizam o mapeamento realizado pelas comunidades para espacia I ização de "hot spots ", práticas e conhecimentos tradicionais, buscando atrair " doadores estratégicos e o financiamento privado", que por sua vez
"apoiam uma agenda global de uso da terra que excluem as populações locais" (Diegues, 2008)
Um grande "mercado da conservação" em que órgãos governamentais, agências bilaterais de cooperação, bancos multilaterais de desenvolvimento e outros atores vinculados ao capital especulativo transnacional associam as atividades participativas aos seus interesses de integração geopolítica e econômica dos territórios e recursos ao modelo de desenvolvimento vigente através da regularização do mercado de terras, em contra posição às formas de apropriação social do espaço tra diciona I mente desenvolvi das por essas populações.
