GT6 - 996 TRADIÇÃO E MODERNIDADE NOS MARACATUS NAÇÃO DE PERNAMBUCO: NEGOCIANDO IDENTIDADES E ESPACIALIDADES

  • Maximiliano Carneiro da Cunha
Palavras-chave: Maracatus, PERNAMBUCO, IDENTIDADES, MODERNIDADE, TRADIÇÃO

Resumo

Depois do período de renovação por que passaram os Maracatus Nação de Pernambuco na década de 1980, várias mudanças foram incorporadas por eles fazendo com que um discurso sobre autenticidade passasse a fazer parte de seu universo. Entre essas mudanças estão a inserção de instrumentos musicais diferentes, de personagens no cortejo real, a inclusão das mulheres na orquestra e a adesão de pessoas de diferentes formações e origens ao grupo. Tudo isto fez com que os Maracatus se tornassem grupos heterogêneos e híbridos compostos pelos membros originais, mas acrescidos de diferentes pessoas tais como acadêmicos, músicos profissionais e até mesmo estrangeiros, que passaram a fazer parte de sua formação atual. Não há como negar que todas essas mudanças acarretaram transformações significativas que fazem com que os Maracatus reelaborem suas estratégias de negociação e adaptação para a sua sobrevivência e manutenção no contexto de hoje.
Ao conversar com os líderes dos Maracatus com os quais tive contato durante minha pesquisa, todos foram unânimes em afirmar que qualquer pessoa era bem vinda ao grupo. No que diz respeito a algumas declarações de que os Maracatus eram manifestações exclusivas de africanos, todos eles me afirmaram que não faziam distinção de raça ou qualquer outro fator na aceitação de alguém nos grupos. O resultado de tudo isso é a presença de uma grande variedade de pessoas hoje em dia nos Maracatus que, inegavelmente, fizeram com que a sociedade pernambucana os repensasse como parte integrante e importante da vida social e cultural de Pernambuco.
Alguns pesquisadores afirmam que a presença de “Maracatus da classe média” (Nação Pernambuco e Cabra Alada) no cenário recifense, junto com o sucesso de bandas como Chico Science e a Nação Zumbi colaborou para o ressurgimento dos Maracatus a partir da década de 1980. Na realidade, são os próprios participantes dos Maracatus os responsáveis por esta renovação através de estratégias e negociações que levam alguns líderes a declararem que os seus Maracatus são Candomblés de rua. Esta visibilidade, que havia sido perdida gradativamente desde a década de 1960, ganha novos contornos com a inserção de novos elementos tipicamente característicos do momento atual em que tradição e modernidade convivem lado a lado sem serem contraditórias.

Publicado
2019-01-17
Seção
Sessões Temáticas